terça-feira, 4 de outubro de 2011

Medo de chuva

Não, eu não tenho medo da chuva.

Eu tenho medo é desse sentimento; dessa solidão que vem com ela. Que vem e transforma as gotas d'água em lágrimas; os trovões em soluços de dor; e os relâmpagos em flashes daquilo que eu não tenho.

E eu só queria ter alguém com quem dividir.

Alguém que transformasse essas nuvens negras sobre minha cabeça em algo adorável; um belo urso de algodão, quem sabe? Alguém em cujos olhos eu pudesse ver, à cada clarão, um brilho ainda mais luminoso que todos os raios de Zeus. Alguém que, quando ficasse muito escuro, me abraçaria, me acolheria em seus braços, me protegeria de tudo. Um alguém que, em meu ouvido, e só pra mim, diria: "eu estou aqui; vai ficar tudo bem".

E, sim, ficaria tudo bem.

Ficaria tudo bem porque o meu alguém estaria aqui, comigo. Ficaria tudo bem porque eu poderia dividir a real beleza da chuva com esse alguém. Ficaria tudo bem porque, se ficasse muito escuro, muito barulhento, ou se o vento ameaçasse derrubar a minha casa, eu teria alguém, aqui, pra me proteger. Ficaria tudo bem porque, enfim, eu poderia dividir aquilo que eu já não mais posso carregar sozinho. Poderia dividir cada uma dessas gotas que caem do céu. Me dividir. E, ainda assim, estar mais completo do que nunca.

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