sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Tudo ou Nada


O céu está escuro. Não sei que horas são. Não sei, nem mesmo, se é dia ou noite. Se fosse noite, eu veria as estrelas, não? E veria a maior delas se fosse dia, certo? Com tantas nuvens pesadas e escuras, não sei. Até mesmo o astro rei poderia ser coberto por elas. Mas o que é que eu sei? Estou perdido no tempo. Estou perdido na vida.

Venta muito. E venta em todas as direções. Assim como para as minhas emoções, a ordem do vento é o caos. E o som da ventania é tudo o que eu escuto. O vento e os meus pensamentos. Esses, não param. Mesmo que eu não queira mais escutá-los, persistem, como o vento, de forma caótica.

Estou à beira do precipício. Às minhas costas, um longo caminho de pedras e espinhos que se perde no horizonte – como cheguei até aqui? Na minha frente, o infinito.  A promessa de tudo ou nada.

Não posso ver o fim da queda. É muito escuro. É muito grande. É infinito. Chutei algumas pedras pra baixo, mas não as ouvi chegando lá – se perderam no meio do caminho. Se é que há um meio naquilo que não tem fim. Não deve haver um fim – buraco negro. Não há nada. Grande nada. Penso em dar um passo pra trás, mas meu corpo não obedece. Mais uma vez, eu me traí.

Fecho os olhos, abro os braços e fico ali - imóvel. De repente, toda a ventania cessa. Tudo para. Deve estar frio, mas eu não sinto frio. Eu não sinto. Nada. Tudo, nesse instante, deixa de importar. Todas as cartas não enviadas, todos os textos mal escritos, todas as palavras não ditas. Os beijos negados, os amores impossíveis, os sorrisos cessados. Os segredos. Tudo é nada. E eu sou um coração que bate debilmente no meio da escuridão.

É agora. Única opção: um passo à frente. A partir daí, dois destinos possíveis: ou caio no nada ou vou para o infinito. Se cair, não sei o que esperar. Não sei se há um chão lá embaixo, uma mão amiga pra me segurar, ou só o inferno. O infinito é só uma promessa. A terra prometida. Talvez eu possa ser feliz, lá. Talvez eu possa, enfim, abrir o meu coração e sentir de novo. Mas a questão, agora, é: eu ainda sei voar?