quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Desapego


Foi necessário que a chuva – sempre ela – me despertasse. Na madrugada, acompanhado pela lua encoberta por nuvens e pelas fracas e vacilantes luzes dos postes que iluminam a rua que, da varanda, com algumas gotículas da chuva mansa me tocando as mãos, lavando toda a sujeira, ou tocando minha face, se fundindo com as lágrimas que rolavam, também mansas, foi que eu parei pra pensar. E refletir.

É necessário praticar o desapego. O que não serve mais, descarte. O que não tem mais nenhuma utilidade, que vá para o lixo. O que te prende ao passado, deixe passar.

O homem tem a necessidade de seguir em frente, sempre. Mais rápido ou devagar, mas sempre em frente, seguindo.

Não é fácil deixar algumas coisas pra trás. Acredite, eu sei. Amamos demais algumas coisas, algumas situações, algumas pessoas pra simplesmente deixar pra lá. Mas é necessário, às vezes. E, no fim, a gente sempre percebe que foi o melhor a se fazer. Precisamos abrir espaço para o novo. Talvez, tudo o que a felicidade está esperando seja esse espaço, essa oportunidade.

É necessário desapegar. É necessário soltar as rédeas, de vez em quando, e deixar a vida tomar o seu próprio rumo. É necessário deixar a chuva cair. E molhar. É necessário deixar ser.