Como estou? Às vezes fazemos essa
pergunta mesmo sem querer saber a resposta, não é? Só pra ter por onde começar
uma conversa qualquer ou só pra parecer educado. E o que dizer das respostas? Um “bem”,
seguido de um sorriso amarelo sai praticamente no automático, sem espaço para
pensar, ou sem querer atormentar o outro com seus próprios problemas. Só pra
ser educado. Mas, se quer mesmo saber como estou, a verdade é que estou ok.
Isso mesmo: ok. Nem mais, nem menos, apenas ok. Como o melão e o seu sabor sem
sal, sem pimenta, sem doce suficiente. Ok, e só isso.
O que me confunde, na realidade.
Assim como o melão, que não sei se gosto ou desgosto; sou alheio. Quando estou
ok, é como se não estivesse vivendo. É como se tudo não passasse de um filme ao
qual se vê sem realmente assistir e, no fim, nem mesmo o nome do protagonista
fica na memória e você olha as letras brancas subirem na tela negra por um
tempo, até perceber que acabou.
E eu me cansei. Sem mais melão,
obrigado. Eu quero o picante da malagueta, o doce do puro açúcar, o azedo do
limão, o sal do mar, ou mesmo o mais amargo dos sabores. Tem tequila aí? Eu quero
sentir intenso. Um sabor ou um soco na cara. Vou dar uma volta nessa
montanha-russa. Pagar minha entrada e encarar, sem olhar para trás. Eu quero viver.
E não posso me contentar com pouco. Não sei sentir pela metade.