segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

OK


Como estou? Às vezes fazemos essa pergunta mesmo sem querer saber a resposta, não é? Só pra ter por onde começar uma conversa qualquer ou só pra parecer educado. E o que dizer das respostas? Um “bem”, seguido de um sorriso amarelo sai praticamente no automático, sem espaço para pensar, ou sem querer atormentar o outro com seus próprios problemas. Só pra ser educado. Mas, se quer mesmo saber como estou, a verdade é que estou ok. Isso mesmo: ok. Nem mais, nem menos, apenas ok. Como o melão e o seu sabor sem sal, sem pimenta, sem doce suficiente. Ok, e só isso.

O que me confunde, na realidade. Assim como o melão, que não sei se gosto ou desgosto; sou alheio. Quando estou ok, é como se não estivesse vivendo. É como se tudo não passasse de um filme ao qual se vê sem realmente assistir e, no fim, nem mesmo o nome do protagonista fica na memória e você olha as letras brancas subirem na tela negra por um tempo, até perceber que acabou.

E eu me cansei. Sem mais melão, obrigado. Eu quero o picante da malagueta, o doce do puro açúcar, o azedo do limão, o sal do mar, ou mesmo o mais amargo dos sabores. Tem tequila aí? Eu quero sentir intenso. Um sabor ou um soco na cara. Vou dar uma volta nessa montanha-russa. Pagar minha entrada e encarar, sem olhar para trás. Eu quero viver. E não posso me contentar com pouco. Não sei sentir pela metade.